Ano XX 01
Dossiê
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AS MESAS E OS BANQUETES

Amizade e universidade consistiam num aspecto relevante do percurso acadêmico de Heloísa Teixeira (ex-Buarque de Hollanda), reconhecida por fabricar horizontes para si e para quem quiser carona. Ao desbravar um campo de pesquisa, ela cedia espaço e liberdade a quem quisesse ocupá-lo e também a quem quisesse confrontá-la. Helô adorava confrontos, encrencas, não apenas de gênero, e nisso ela tinha um posicionamento acerca da vida comunitária muito diferente do que tende a ser a norma na universidade brasileira, onde a idiorritmia, ou seja, o ritmo individual, prevalece como uma das maneiras de manter conflitos e diferenças adormecidos. Um bom exemplo disso encontramos nas aulas magnas, que ainda se mantêm hegemônicas como prática de ensino. Também não é irrelevante destacar: a frequência com que, na universidade, colegas mobilizam pronomes possessivos de primeira pessoa do singular é um sintoma da individualidade nas instituições de ensino e pesquisa: “o meu projeto”, “a minha sala”, “os meus orientandos” são expressões usadas com frequência… No livro Onde é que eu estou?, de 2019, Helô apontou como fazer diferente:

É só articular com as pessoas certas para aquele objetivo e abrir espaço para um projeto acadêmico inovador. É só aplicar e ter um desejo forte. O problema é que as pessoas, pelo menos na minha área, são narcísicas, querem ser notáveis, ter funções importantes na universidade e se fecham em projetos individuais. (Hollanda, 2019, p. 25)

Desde que surgiu no cenário da crítica da cultura brasileira até hoje, Helô manifestava interesse pela coletividade, como atestam as dinâmicas relacionais da geração mimeógrafo, à qual ela se dedicou na antologia 26 poetas hoje, publicada em 1976; em sua tese, Impressões de viagem: CPC, vanguarda e desbunde: 1960/70, lançada em 1980, e no livro Rebeldes e marginais: cultura nos anos de chumbo (1960-1970), que veio a público em 2024. Seu interesse pelo trabalho coletivo se manifestou igualmente na criação do Centro Interdisciplinar de Estudos Contemporâneos – CIEC, em 1986, e no Programa Avançado de Cultura Contemporânea – PACC, em 1994, ambos avessos à idiorritmia.

Em Como viver junto (2003), Roland Barthes se ocupou da idiorritmia, que consiste no modo de organização da vida monástica, em que os monges formam uma comunidade, mas cada qual vive com autonomia e independência. Em outras palavras, a idiorritmia compreende uma vida comunitária sem o compartilhamento dos fazeres. A universidade é geralmente assim, de organização monástica, idiorrítmica, que faz para o outro, muitas vezes sem integrá-lo ao processo, a não ser como mero destinatário do saber científico.

Capa de Como viver junto, de Roland Barthes (2013)
Capa de Como viver junto, de Roland Barthes (2013)

Contudo, Helô não se valia desse estilo comunitário de vida, talvez por existir, em seu comportamento, um sentido profundo de responsabilidade em torno da universidade pública. Sendo pública, a noção de propriedade não tem vez. A respeito da negação da propriedade, Helô esclareceu, mais uma vez no livro Onde é que eu estou?: “Tenho […] uma agonia de fazer junto, porque eu não acho graça em acumulação proprietária de saber, em ser especialista.” (ibid., p. 23). Ela se entusiasmava com as articulações e formação de comunidades como “estratégia de fortalecimento” (ibid., p. 28), conforme suas palavras. Para Helô, essa “estratégia de fortalecimento” parecia ser uma das responsabilidades da universidade: criar comunidades, dentro e fora das instituições de ensino e pesquisa, mobilizando saberes acadêmicos e não-acadêmicos, um dos traços notáveis da Universidade das Quebradas.[1]

Em O olho da universidade, de Jacques Derrida (que li sob recomendação de Helô, assim que começávamos a trabalhar juntos no Programa Avançado de Cultura Contemporânea – PACC, em 2015), há algumas perguntas que lhe são caras e incontornáveis. Estas perguntas são relevantes para pensarmos sobre a atuação de Helô na academia:

Se pudéssemos dizer nós (mas eu já não disse?), talvez nos perguntássemos onde estamos nós? E quem somos na Universidade em que aparentemente estamos? O que representamos? Quem representamos? Somos responsáveis? Do quê e perante quem? Se há uma responsabilidade universitária, ela começa pelo menos no instante em que se impõe a necessidade de ouvir essas questões, de assumi-las e de responder a elas. Esse imperativo da resposta é a primeira forma e o requisito mínimo da responsabilidade. (Derrida, 1999, p. 83)

De pouco a pouco, estas perguntas levaram Jacques Derrida a explorar a universidade como um espaço em que as oposições devem estar em cena, sob a atuação irrestrita da diferença contra a indiferença. Assim, a universidade não deve ser pensada de forma romântica – e por extensão, podemos afirmar que a amizade circunscrita à universidade também não. Trata-se, afinal, de uma amizade que operamos num espaço da esfera pública, embora não necessariamente restrita a ela.

É notável, porém, que a romantização consequente à desidratação da esfera pública tornou a amizade correspondente à intimidade e à afinidade, esvaziando-a de sua dimensão política. Sem a discórdia, a amizade não exerce qualquer função política efetiva. Dessa maneira, talvez nos encontremos fora de qualquer possibilidade de explorar, laboratorialmente, a responsabilidade que a universidade nos exige.

Da mesma forma, não podemos igualmente romantizar o princípio de convivência, porque a convivência muitas vezes resulta em conflitos, o que pode ser observado nos modos de fazer de Helô Teixeira. Afinal de contas, ela tornava a convivência um motivo cotidiano de prazer, mas também um motivo de tensionamentos, ou seja, por meio da convivência há o revelar da discórdia e, consequentemente, o revelar da diferença, bem como uma recusa à indiferença no âmbito das relações intelectuais e intersubjetivas, porque a indiferença é um sinal de menosprezo que não cabe na amizade, seja ela qual for, esvaziada ou não de sua dimensão política.

Para Helô, a discórdia era, inclusive, um princípio fundamental, que precisa estar ativo nas instituições, como nos atesta seu “Discurso de posse” na Academia Brasileira de Letras, caracterizado pela técnica de morde-e-assopra, típica dos seus movimentos argumentativos. Assim ela busca, ao mesmo tempo, a desconstrução do conservadorismo das instituições e a manutenção da sua “responsabilidade social e democrática”, que deve ser ampliada por meio da confrontação:

Nesse momento, em que dou início ao ritual de entrada na Academia Brasileira de Letras, descubro que essa é pela primeira vez que experimentamos, nessa Casa, a sucessão entre mulheres. Somos, ao todo, ainda pouquíssimas na história dessa Academia. A proporção é de 10 mulheres para 339 homens, uma realidade eloquente e que reflete a situação das mulheres nestes últimos séculos.

[…]

Já esta Academia Brasileira de Letras é a nossa instituição mais poderosa e legitimada, política e culturalmente, na área da língua e da literatura. A missão desta Casa é nada mais nada menos do que a defesa da língua e da literatura nacionais. Portanto, carrega uma atribuição política real. O conceito de língua como instituição social não é coisa nova. Está colocado, formalmente, desde 1867, por William Whitney. A língua não existe fora da sociedade e o tecido social não existe sem ela. Assim podemos vislumbrar o tamanho dessa missão e sua responsabilidade social e democrática. A língua define a unidade nacional, as fronteiras geopolíticas. A língua é, principalmente, a raiz onde se atuam as discriminações e o controle de minorias, etnias, territórios. Desta forma, os usos da língua podem ser o espaço da pertença, de exclusão, da separação e até da eliminação do outro.” (Teixeira, 26 de julho de 2023)

Não à toa, em Escolhas: uma autobiografia intelectual, com organização de Ramon Mello, ela tratou da “sintaxe do saber administrativo aplicado à universidade”, em que talvez “ecoe, ainda que longínqua, a advertência de Walter Benjamin”, citando, em seguida, uma consideração do teórico alemão: “Brecht foi o primeiro artista a confrontar o intelectual com uma exigência fundamental: não abastecer o aparelho de produção sem modificá-lo” (Hollanda, 2009, p. 76). Esta “exigência fundamental” de Brecht parece ter se tornado o modus operandi de Helô no âmbito das instituições que ocupa, conforme podemos observar em seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, mas também no seu posicionamento crítico-teórico atrelado a ações de ordem prática, movimentando-se por meio de estratégias decoloniais e feministas.

Capa do livro (2009)
Capa do livro (2009)

A convivência em um contexto profissional nunca é fácil. Lembremos de um trecho do livro A trégua, do escritor uruguaio Mario Benedetti, em que, ao relatar o dia a dia no escritório onde trabalha, Martín Santomé, o narrador-personagem, afirma na entrada de 3 de julho:

Nos escritórios não existem amigos; existem sujeitos que a gente vê todos os dias, que se enfurecem juntos ou separados, fazem piadas e se divertem com elas, que trocam suas queixas e se transmitem rancores, que reclamam da Diretoria em geral e adulam cada diretor em particular. Isto se chama convivência, mas só por miragem a convivência pode chegar a parecer-se com a amizade. (Benedetti, 2011)

Para o narrador desse livro, o trabalho é uma “espécie de constante martelar, ou de morfina, ou de gás tóxico” que anula a amizade, mas sua concepção de amizade se encontra associada à confidência, como podemos constatar logo em seguida, quando Martín Santomé escreve sobre um colega que se ocupou de uma “cliente inadimplente” durante meia hora, a quem explica “a inconveniência e o castigo da mora, discute, grita um pouco, seguramente se sente envilecido” e, ao retornar à mesa, olha para Martín e não diz nada. E Martín conclui: “Então, pega uma planilha velha, amassa-a no punho, conscienciosamente, e depois a joga na cesta de papéis. É um simples substitutivo; o que não serve mais, o que ele atira na cesta de lixo, é a confidência. Sim, o trabalho amordaça a confiança” (ibid).

Não é a concepção que busco aqui desenvolver de amizade. Contudo, é importante destacar, referente à passagem destacada de A trégua, que a convivência não representa uma garantia de amizade. Pode garantir inclusive o contrário, como nos deixa entrever uma piada sobre a universidade que Eduardo Jardim me contou. Segundo ele, era uma piada muito corrente nos anos 1970 e 1980: “Deus criou a Universidade. Ao saber disso, o Diabo foi conhecê-la e gostou tanto da Universidade que reivindicou o direito de participar da sua criação. E Deus lhe concedeu a oportunidade de adicionar apenas um novo elemento à Universidade. Foi então que o Diabo criou o colega de departamento.”

No contexto universitário, Helô talvez tenha buscado não a confiança na confidência, mas a confiança na discordância, funcionando como um método de produção científica continuada. É a discordância atrelada à confiança que sustenta, em grande medida, o desenvolvimento de ideias e o seu aprofundamento, colocando em dúvida as certezas por meio da garantia da diferença. Firma-se, assim, um multiperspectivismo em torno dos problemas discutidos. Mas, claro, nem sempre é fácil trabalhar assim, e na maior parte das vezes a discordância é sequer desejada; outras vezes, a discordância legitima o colega de departamento como criação do Diabo, como inimigo mortal.

Em torno da discordância como método, gostaria de destacar o que considerava uma característica do trabalho da Helô na universidade: ela fazia uma proposição, que era discutida coletivamente; num outro dia próximo, ela se opunha à decisão consensual que havia sido tomada; todos voltam a discutir o problema e tomam uma nova decisão, chegando a um consenso. No entanto, uma semana depois ela se opunha à nova decisão que foi tomada. O ciclo ia se completando e repetindo até alguém da equipe perder a paciência, afirmando energicamente o que considerava a decisão adequada a ser tomada. Quando alguém se posiciona assim, às vezes com alguma irritação, ela afirmava: “Pronto, tem alguém que sabe o que precisa ser feito!”, é a metodologia pelo tumulto, em que a diferença se manifesta e ocupa o seu lugar na universidade. Helô abraçava a diferença por meio do tumulto, o que, de modo contraditório, era um gesto político de amor que contemplava o outro e seus movimentos especulativos.

Mas como tornar o gesto político coletivo? Como proporcionar a amizade num contexto de trabalho em que as discordâncias devem participar obrigatoriamente da construção de um senso de responsabilidade universitária? Como resposta, gostaria de apontar dois aspectos que foram caros à Helô e que pareceram criar as condições de coexistência entre discordâncias e amizade, nas quais, de certa maneira, se reproduzia a técnica do morde-e-assopra. Os dois aspectos são a MESA e a COMIDA.

O centro das salas do Programa Avançado de Cultura Contemporânea – PACC são as mesas, que singularizam seus ambientes. Os espaços do PACC favorecem os encontros, desde que estejamos disponíveis a eles. As mesas do PACC, hiperdimensionadas e justapostas, consistem numa organização avessa aos nichos de trabalho. Elas se colocam entre as pessoas, e ao mesmo tempo é o que as mantêm reunidas; são, portanto, o cenário em que conflitos, amizades e também inimizades são encenados e vividos, condicionando uma forma de vida universitária que dificulta a idiorritmia, embora a idiorritmia, por fim, esteja presente vez por outra.

De certa maneira, as mesas valorizam o espaço da universidade como esfera pública, em que ninguém fica de costas para o outro, enfim, ninguém fica indiferente ao outro e ao que está acontecendo. Trata-se de um aspecto fundamental do método de Helô, como explicou em Onde é que eu estou?: “Eu sou uma arquiteta que não saiu do armário. Me expresso através do espaço, da luz. Sempre. Nas casas que construo, na produção editorial, nas exposições que monto, nos espaços acadêmicos que crio. É como penso.” (2019, p. 39). A respeito disso, uma das organizadoras desse livro, Ilana Strozenberg, parceira de trabalho de Helô, fez as seguintes considerações:

Penso que arquitetura, para Helô, é ao mesmo tempo uma prática empírica e uma metáfora. É o seu modo de pensar, sua atitude diante da vida. Helô pensa a partir do espaço e da forma para que neles aconteçam as relações que deseja viabilizar, os conteúdos que deseja ver produzidos e valorizados. Nesse movimento contínuo, tanto na construção e reforma de seus sucessivos locais de moradia, quanto na universidade ou em outros cenários, o afeto e a beleza são estruturais. (Strozenberg apud Buarque, 2019, p. 39)

Em outra passagem do mesmo livro, Helô afirmou:

Sempre penso no desenho de um espaço e, depois, desenvolvo o script do que vai acontecer ali. Nunca entro num espaço virgem, não planejado. O roteiro do que vou fazer já está no espaço, você vê no PACC: primeiro criei o PACC com aquela mesa enorme e única, muito vidro, transparência e luz. Irritei a equipe toda. Todo mundo querendo ter sua mesa, seu computador próprio, sua portinha que pudesse ser fechada. Expliquei que o PACC é um projeto que só pode ser desenvolvido em um espaço único, não proprietário, colaborativo. É um projeto cuja metodologia é pensar junto. Portanto, do ponto de vista conceitual, não cabem aqui muros e portas. Isso seria um gol contra.

[…]

Sim, minhas mesas são e serão sempre hiperdimensionadas. Isso determina um comportamento agregador e criativo. (Hollanda, 2019, p. 44-45)

Há um trecho de A condição humana, de Hannah Arendt, que pode ser aproximado dessas dinâmicas relacionais de afetividade e trabalho. É uma associação muito livre que faço, porque, em seu livro, Hannah Arendt não estava tratando de layout, de mesa, de organização espacial do trabalho, mas ela se valeu da mesa para firmar uma comparação com o mundo: “Conviver no mundo significa essencialmente ter um mundo de coisas interposto entre os que nele habitam em comum, como uma mesa se interpõe entre os que se assentam ao seu redor; pois, como todo intermediário, o mundo ao mesmo tempo separa e estabelece uma relação entre os homens” (Arendt, 2003, p. 62).

O segundo aspecto é a comida, que pode ser relacionada, por sinal, a uma hipótese instigante que André Botelho levantou na mesa “Literatura e outras formas de crítica – ouvir falar”, em uma das sessões da IV Encrencas de Gênero. Cito o André: “Minha hipótese é que a formação em Letras Clássicas da autora (na PUC-Rio em 1961), frequentemente negligenciada pela fortuna, constitui um ponto de partida relevante na formação do seu repertório crítico sempre voltado à oralidade e ao coletivo” (Botelho, 2023).

No livro Vie du lettré, William Marx mapeou índices relevantes da vida dos letrados, como o horário, a casa, o escritório, o animal, a comida, entre outros. A respeito da comida, ele observou:

Tradicionalmente, o letrado pode escolher entre dois cardápios: a ascese e o banquete, dependendo se os alimentos espirituais são colocados em competição ou, pelo contrário, são colocados como complementares aos terrenos. O antagonismo entre os dois tipos de alimento é, na verdade, uma característica das culturas de domínio religioso; sua coexistência, a de práticas mais seculares. No entanto, entre a ascese e o banquete, a diferença pode ser menor do que se imagina. (Marx, 2009, p. 95, tradução minha)

Sem dúvida alguma, Helô escolheu o cardápio do banquete. Em seu caso, porém, o alimento do corpo não se opõe à alimentação das ideias: antes parece colaborar para que as ideias despontem, sem o rigor característico dos ambientes tradicionais de ensino e aprendizagem.

Em seguida, William Marx apontou que, ao não atender a interesses religiosos, “uma cultura letrada se desenvolve adequadamente às necessidades primárias da vida”. Nesse caso, “longe de ser inimiga do conhecimento, a alimentação é sua condição auxiliar e necessária” (ibid., p. 96). A tradição dos banquetes, em que a alimentação é sua condição auxiliar e necessária, remonta-nos ao período clássico, e no caso da Helô, remonta especialmente ao período latino, quando a bebida foi substituída pela comida, com a valorização do princípio de convivência, ou seja, valorizando a festa (ibid., p. 99).

Segundo William Marx, a partir desse momento a “comida impõe […] a sua ordem ao discurso” (ibid., p. 99), mas, para Helô, a comida podia favorecer uma dinâmica relacional de informalidade acadêmica, tornando os encontros científicos em celebração de afetos, saberes e sabores. Lembro de quando fui a primeira vez a um encontro do Pós-doc do PACC, que hoje, reformulado, se chama Fórum Livre de Pesquisa[2]: havia suco, refrigerante, água, café, nuts, miga de queijo, miga de queijo e presunto, bolinhos, cachos de uva, maçãs, bananas, salada de fruta, pastinhas, torradas e biscoitos, tudo sob os cuidados de Rosângela Gomes, coordenadora-administrativa que é uma peça fundamental da história do PACC e do percurso de Helô na universidade.

Pela incapacidade de “parar na hora certa” (Brito [Cacaso], 2002, p. 51), por todos os horizontes, por todos os projetos, por todos os conflitos que aprofundaram nosso conhecimento sobre as coisas, por todos os vínculos de afeto que você proporcionou, por todas as festas e por todas as gargalhadas, muito obrigado, Helô!

* Eduardo Coelho é professor adjunto de Literatura Brasileira, na Faculdade de Letras da UFRJ, e atua como coordenador do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC). Sua pesquisa tem como foco o ecossistema da produção e circulação da poesia brasileira moderna e contemporânea, além das diversas formas, acadêmicas e não acadêmicas as quais elas são recebidas.
Referências bibliográficas
ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. Posfácio de Celso Lafer. 10ª edição. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.

BARTHES, Roland. Como viver junto: simulações romanescas de alguns espaços cotidianos: cursos e seminários no Collège de France, 1976-1977. Texto estabelecido, anotado e apresentado por Claude Coste. Tradução de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2003. Coleção Roland Barthes.

BENEDETTI, Mario. A trégua. Tradução de Joana Angélica d’Avila Melo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. E-book.

BOTELHO, André. IV Encrencas de Gênero. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aY75NuANCAM&t=5s. Acesso em: 20 out. 2024.

BRITO, Antônio Carlos de. “Relógio quebrado”. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7 Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002. Coleção Às de Colete.

COELHO, Eduardo. IV Encrencas de Gênero. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XvtnAxD7Hy0&t=2s. Acesso em: 16 set. 2024.

DERRIDA, Jacques. O olho da universidade. Introdução de Michel Peterson. Tradução de Ricardo Iuri Canko e Ignacio Antonio Neis. São Paulo: Estação Liberdade, 1999.

HOLLANDA, Heloísa Buarque de. Impressões de viagem: CPC, vanguarda e desbunde, 1960-1970. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.

HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org.). 26 poetas hoje. 4ª edição. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora, 2001.

HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org.). Escolhas: uma autobiografia intelectual. Organização de Ramon Mello. Prefácio de Beatriz Resende. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2009. Coleção Língua de Fogo.

HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org.). Onde é que eu estou?: Heloisa Buarque de Hollanda 8.0. Organização de André Botelho, Cristiane Costa, Eduardo Coelho e Ilana Strozenberg. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.

MARX, William. Vie du lettré. Paris: Les Éditions de Minuit, 2009.

TEIXEIRA, Heloísa. Discurso de posse, 26 de julho de 2023. Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/heloisa-teixeira/discurso-de-posse. Acesso em: 19 set. 2024.

TEIXEIRA, Heloísa. Rebeldes e marginais: cultura nos anos de chumbo (1960-1970). Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2024.
Notas
[1] O Laboratório de Tecnologias Sociais, que abriga o projeto Universidade das Quebradas, criado por Heloísa Teixeira e Numa Ciro, “é uma experiência acadêmica de extensão na área da cultura, que pretende consolidar um ambiente de troca entre saberes e práticas de criação e produção de conhecimento, articulando experiências culturais e intelectuais dentro e fora da academia. Os pontos inovadores dessa metodologia são determinados pelo conceito de ecologia de saberes entendido como o equilíbrio sistêmico entre as diversas formas de saberes vernaculares e acadêmicos (científicos e técnicos), e a longa trajetória histórica de silenciamento de certos saberes não formais por outras formas dominantes de conhecimento”. Cf.

[2] O Fórum Livre de Pesquisa é definido da seguinte maneira no site do Programa Avançado de Cultura Contemporânea – PACC: “Espaço de produção e debate de pesquisas visando promover a criação e a produção de conhecimento multidisciplinar e colaborativo no contexto da extensão […] está aberto a um público diverso, de dentro e de fora da academia, incluindo docentes, estudantes de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado da UFRJ e outras universidades, bem como pesquisadores independentes, profissionais da cultura, escritores, artistas e ativistas do Brasil e do exterior. Seus principais temas de interesse são: diversidade cultural e desigualdade social; políticas de identidade e construção de novas subjetividades; usos do espaço urbano; patrimônio material e imaterial; relações de comunicação e tecnologias digitais; arte e expressões do imaginário em diferentes linguagens; processos de criação; feminismo; desenvolvimento de tecnologias sociais; colonialidade, racismo e diálogos interculturais.” Disponível em: https://pacc.letras.ufrj.br/forum-livre-escolha/. Acesso em: 20 out. 2024.